Tubarão-lixa se reproduz pela primeira vez em cativeiro
A natureza não para de surpreender, até mesmo pesquisadores experientes como os do Projeto Tamar, que protege tartarugas marinhas. No ínicio de junho, surgiu um filhotinho de tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum) no tanque do Centro de Visitantes do projeto, na Praia do Forte (Bahia).
A espécie é ameaçada de extinção e dificilmente se reproduz fora de seu habitat natural, o oceano. Com quase 30 cm, o tubinha já estava nadando ao ser notado pelos biólogos. Semana passada, outra surpresa: nasceram duas irmãs do tubarãozinho. Segundo a veterinária Thaís Pires, do Tamar, o trio está em observação num tanque separado e se alimentando bem, de pedaços de lulas.
Assim como as tartarugas marinhas, os tubarões-lixa são vítimas da pesca incidental, ou seja, muitas vezes acabam sendo fisgados junto com os verdadeiros ‘alvos’ dos pescadores, como por exemplo camarões. As pescas de arrasto e com espinhéis em alto mar são atualmente o principal fator da captura incidental que ameaça a vida de tartarugas e outros animais.
Os tubarões que habitam o tanque do Tamar foram pescados incidentalmente há dez anos, e agora ‘ajudam’ no trabalho de sensibilização e educação ambiental realizado com os visitantes e moradores da área do Tamar. Quem vai ao Centro de Visitantes pode ver de perto como os tubas compartilham o habitat com as tartarugas marinhas, sem brigas, numa boa.
O tubarão-lixa é uma espécie ovovivípara: produz ovos que eclodem dentro do corpo da fêmea. Podem nascer de 21 a 50 de uma só vez. No Tamar, por enquanto, foram três, mas podem vir mais por aí. “Encontramos cascas no fundo do tanque e ainda podem ter ovos a eclodir. Alguns podem ser inférteis. Vamos observar”, conta Thaís. Havia cinco machos quando a fêmea do tanque no Tamar foi fecundada.
Adultos, os tubarões-lixa chegam a medir mais de 2 metros e perdem as pintinhas no corpo. A espécie ocorre em toda costa brasileira.
Fernanda Portugal / Correio Braziliense